sábado, 26 de novembro de 2011


Eu Simplesmente Amo-te

Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"


Para ti, meu "Seguranjo" :)

sábado, 17 de setembro de 2011

Hoje (como sempre) sonhei acordada. Contigo. Connosco. Sonhei com uma vida que não temos. Imaginei que passavamos só os dois um dia inteiro juntos. Bem juntos. Imaginei que me aconchegavas e que o teu abraço me protegia do mundo lá fora. Esse abraço que eu posso jurar ter sentido, mesmo estando longe de ti.
Quem me dera que este sonho durasse para sempre. Mas não. Quando acordo estamos tão longe um do outro! Podes-me perguntar "e porquê?". Sim, eu sei que não é culpa tua. Eu sei que sou eu. Sou eu que sonho não ter mais ninguém além de ti, mas na vida real não me consigo "desligar" das pessoas que me rodeiam.
Desculpa a minha cobardia, o meu medo. Talvez um dia destes eu os vença e aí... Aí este sonho há-de se tornar realidade. E nós vamos viver a nossa vida sem olhar para trás. E não nos vamos arrepender, porque o que sentimos não é errado. Às vezes pode até parecer, mas não é. Não é!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ruas de Outono - Ana Carolina

Só tenho uma coisa a dizer:
Obrigada por este mimo, meu "seguranjo" :)

domingo, 15 de maio de 2011

Ai, o dinheiro...

As discussões são coisa feia. Toda a gente sabe. E no entanto, toda a gente entra nelas. Discute-se sobre tudo e mais alguma coisa. Porque se gosta ou porque não se gosta de alguma coisa ou de alguém. Porque se quer alguma coisa ou porque não se quer. Porque se quer ir aqui e não ali. Porque queremos algo hoje e não amanhã. Porque a comida está assim ou assado. Porque a roupa não foi bem dada a ferro. Porque se fez isto ou aquilo. Etc., etc., etc. Há discussões para todos os gostos e feitios. Mas cá para mim (que ninguém me ouve), as discussões mais feias e desagradáveis que se podem ter são sobre dinheiro. Digam o que disserem. É que estraga mesmo tudo. Aí já não há amor, carinho, amizade, seja lá o que for. O dinheiro estraga tudo, acreditem. Só vos digo uma coisa: vejam bem se vale a pena chegarem a esse ponto. Vejam bem se o dinheiro vale mais do que a amizade ou o amor. Eu sei que, como se costuma dizer “o dinheiro não compra felicidade, mas ajuda” e que ninguém vive de “amor e com uma cabana”. Mas, sinceramente, de que vos vale o dinheiro sem o resto? Só se for para pagarem as contas das idas ao médico, ao psicólogo, ao psiquiatra, por estarem com uma depressão e/ou pensarem em se suicidar… por não terem com quem partilhar o tal amor, a tal amizade… por estarem sozinhos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mousse de Ovos

Pois é pessoal, aqui fica a minha última experiência: Mousse de Ovos. Ficou bem boa :)

. Ingredientes:
- 400 gr. de açúcar
- 4 ou 5 gemas
- 0,5 l. de leite
- 150 gr. de (miolo e côdea) de pão
- 2 dl. de água
- canela q.b.

. Confecção:
- Escalda-se o pão com o leite quente e passa-se pelo passador depois de bem amolecido.
- Põe-se o açúcar com água em ponto de pasta e junta-se-lhe a papa do pão, deixando ferver um pouco e mexendo sempre.
- Depois de arrefecer, juntam-se as gemas batidas e leva-se novamente ao lume até as gemas engrossarem.
- Em seguida, deita-se em taças e polvilha-se com canela.

Bon appétit, mes amis :)

domingo, 1 de maio de 2011

Quem sai aos seus...

Só porque o meu afilhado resolveu meter um lápis de cera partido ao meio completamente dentro do ouvido (de tal maneira que só no hospital lho conseguiram retirar).
E porque me faz lembrar que a madrinha dele, volta e meia, também tinha este tipo de ideias, tendo chegado a engolir a tampinha da parte de cima de uma caneta Bic (passo a publicidade) :D
Estás no bom caminho, afilhado, eheh :)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Aquilo é a lua?

Esta é em homenagem ao senhor brasileiro que, no meio da rua, se vira para mim e pergunta: "Olha, desculpa, aquilo ali é a lua?" (sim isto é verdade!). O pior é que, feita parva, ainda me virei para trás para ver se era mesmo e respondi, incrédula: "Sim, é". E lá continuamos pela rua fora, eu para um lado e o senhor estranho para o outro :)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mousse de Bolacha


E pronto, agora deu-me para isto :)
Esta foi a minha experiência de hoje. Modéstia à parte ficou bem boa :) Experimentem:

- Ingredientes:
. 2 colheres (sopa) de manteiga
. 100 gr de açúcar
. 0,50 dl de leite
. 5 ovos
. 18 bolachas torradas

- Preparação:
. Misture as gemas com 80 gr de açúcar, o leite e a manteiga. Leve ao lume em banho-maria, mexendo sempre até obter um creme fofo.
. Então retire e deixe arrefecer.
. Envolva no preparado as bolachas trituradas e também as claras em castelo, às quais juntou o resto do açúcar.
. Distribua em taças e sirva fresco.

Bons momentos culinários :)

sábado, 2 de abril de 2011

Biscoitos de Leite

Isto de se passar mais algum tempo em casa tem as suas vantagens. Por exemplo, eu que não ligava muito à cozinha para além do básico/essencial, tenho aproveitado para melhorar os meus dotes culinários, e não é que tem dado resultado? E não sou eu quem o diz. São os meus "provadores oficiais" :)
Então deixo-vos aqui a minha última experiência, que a julgar pelo tempo que durou, devia estar mesmo boa! A receita é a seguinte:

- Ingredientes:
. 690 gr de farinha de trigo "Branca de Neve"
. 240 gr de manteiga "Loreto"
. 230 gr de açúcar branco
. 2,5 dl de leite

- Preparação:
. Deitam-se todos os ingredientes num alguidar, amassa-se muito bem até unir a massa e depois trabalha-se sobre a tábua.
. Fazem-se os biscoitos e vão ao forno em tabuleiro untado e polvilhado de farinha.

Deixo-vos ainda duas dicas:
1º) Se preferirem façam apenas metade das medidas, porque dá para muitos biscoitos;
2º) Quando formarem os biscoitos, para os achatar e para lhes dar um ar mais "engraçado", espalmem-nos ao de leve com um garfo :)

Espero que vos saiam tão bem a vocês como me sairam a mim (pena não ter tirado foto para postar) e que façam bom proveito deles :)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Estes sonhos...

Sabem quando durante o dia vemos ou falamos sobre alguma coisa e quando chega a noite sonhamos com isso? É muito estranho e eu, pessoalmente, não gosto nada quando isso acontece.
Agora imaginem o que é falarem de 3 coisas diferentes e à noite sonharem com elas todas misturadas, num misto de sonho e pesadelo.
Isto foi o que me aconteceu na noite passada. E acordei tão sobressaltada, que preferia que tivesse sido apenas mais um daqueles sonhos dos quais não nos lembramos quando acordamos de manhã.
Vejam só o que é uma pessoa ir sossegada da vida comprar um bilhete de avião para o Algarve (LOL) e quando já tem o bilhete, ser assaltada por 3 ou 4 tipos no meio da rua, mas conseguir fugir. Depois, passado uns minutos, voltar a cruzar-se com os mesmos homens e desatar a correr para fugir deles. Entrar num prédio (de uma pessoa que conheço :D ), entrar no elevador, abrir a porta e quando a vou a fechar, dá-se aquela cena típica do tipo pôr um pé a impedir que a porta feche e acabar com os tipos dentro de casa a darem cabo de mim. MEDO!
Posto isto, deixo-vos um conselho: não falem de viagens de avião, idas ao Algarve, e assaltos violentos no mesmo dia! Dá uma salgalhada que nem vos passa pela cabeça!

sábado, 5 de março de 2011

O instinto da minha mãe :)

Sabem aquela altura em que as nossas mães se começam a derreter completamente com todo e qualquer bebé que lhes apareça à frente? Pois é, a minha mãe anda assim :)
Seja na rua, seja na televisão, lá começa ela: "Ai que giro, que bebé tão lindo!". E blá, blá, blá...
Sim, eu sei que os bebés são assim a coisa mais linda! E sim, também sei que a minha mãe anda cheia de vontade (e também já vai tendo idade) para ser avó.
Mas... e que tal perceber que, por muito que eu queira ter filhos (porque quero, e muito!), não basta querer? Que condições tenho eu para pôr agora uma criança no mundo? Eu digo-vos: nenhumas! Sem casa própria, sem emprego, e não menos importante, sem um homem (ahah) como vou ter, criar e educar uma criança? Se nem a mim me governo!
Fazemos assim, mãezinha: quando eu arranjar um emprego, uma casa, e "o" homem (o tal), então eu e ele tratamos disso, combinado? :)
Porque, mais do que tu, EU QUERO ESSE(S) BEBÉ(S)!

terça-feira, 1 de março de 2011

Tabacaria


    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    Álvaro de Campos, 15-1-1928

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando os pais complicam mais do que os filhos...

Mais um dia (im)perfeitamente normal. E digo isto, porque ao invés de ter um dia calmo, feliz até, não... Como não podia deixar de ser, junto com a noite, chegou mais uma discussão típica entre os senhores meus progenitores.
Não me esqueço de um amigo um dia me ter dito: "Tens a tua família unida? Então conserva-a". Imagino que não seja nada fácil assistir impotente ao divórcio dos pais mas, sinceramente, antes separados e bem, do que juntos e mal.
Acreditem. Quando as coisas chegam ao ponto de se trocarem insultos, de já não suportarem a presença um do outro, de tentativas de humilhação à frente de quem quer que seja (dos próprios filhos ou outros), o melhor é cada um ir para o seu lado e deixar o outro em paz. O outro e os outros. Porque como já se sabe, o mal-estar não é sentido apenas pelo casal, se assim lhe podemos chamar. É sentido também, e muito, pelos que o rodeiam.
Como é que em 30 e tal anos de casamento, as pessoas não entendem isso? Ou será que entendem, mas têm tanto receio de ficarem sozinhas, têm tanto medo da mudança, que não têm a coragem de tomar a atitude mais acertada para todos, por mais custosa que ela seja?
Eu sei que cada caso é um caso, mas... acreditem no que vos digo:
Mais vale estar separado e de bem com a vida e consigo próprio, do que juntos e de mal com tudo e com todos.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O rapaz de Ponte de Lima

Qual é o trauma destes rapazinhos que trabalham em bares ou restaurantes, que não podem ver uma mulher de 20 e poucos anos, com um corpo mais ou menos, que desatam logo a babar? É que nem se consegue almoçar em condições!
Vão por mim, eu sei do que falo. É que eu vou muitas vezes a Ponte de Lima e tenho por hábito ir almoçar sempre ao mesmo restaurante. Aquilo é um negócio de família. O pai, já velhote, é o dono e as filhas trabalham lá também. Só que agora também lá pára a geração seguinte, ou seja, os netos do velhote. E há um que mal me vê entrar... não sei se ele vê um mulherão ou um fantasma! A verdade é que fica completamente vidrado... desde que entro e me sento, até que pago e saio! É como vos digo: nem se consegue almoçar em condições! Sempre com aquele olhar quase tarado constantemente em cima de nós. Coitado do moço... não sei a idade dele, mas garantidamente não tem mais de 18 anos, parece um menininho que nem nunca teve de fazer a barba... e olha para mim como se estivesse ao meu alcance... com um olhar cheio de vontade e de esperança... É certo que também já tive a idade dele, mas... que figura ridícula!
Talvez da próxima vez que lá vá, leve uma t-shirt a dizer algo do género "Cuidado! Tenho um saca-rolhas!", e assim, quem sabe, consiga almoçar sossegada :)
Coitadinho do rapaz de Ponte de Lima...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fazes-me falta...

Só porque tenho muitas saudades da pessoa que me deu a conhecer esta música...bom conselheiro...bom ouvinte...protector...bom amigo...e como só ele sabe, o meu "seguranjo" :)
E também porque ele (através desta música) tem toda a razão: "foi bem mais fácil escrever".
É certo que cartas não olham nos olhos, mas mais vale uma carta, do que nada...e se para mostrarmos o que sentimos, estamos mais à vontade escrevendo-o, então façamo-lo.
Antes isso, a ficar algo por dizer :)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Que dia...


Quando acordei, apesar do temporal que se fazia sentir lá fora, sentia-me feliz, como há muito não acontecia. Estava feliz, simplesmente, por estar de bem com a vida. A tarde...nem se fala! Foi daqueles momentos em que dizemos, com um sorriso de orelha a orelha: "hoje não há nada que me aborreça, nada me vai deitar abaixo!".
Mas não sei o que se passou dentro de mim...só sei que junto com a noite, veio uma melancolia, um vazio, aquele nervoso que nos invade quando pressentimos que algo vai acontecer... Mas até me estava a aguentar, com esta minha mania de que nada me afecta, de que está sempre tudo bem...
Até que, num pequeno "acidente", eis que alguém me dá um encontrão, e eu, como sou muito pesada, lá fui com a cara direitinha ao monitor do computador...Dói-me...Fiquei com a cara marcada [amanhã, na rua, vão pensar que andei à porrada :)]...Mas, pior do que tudo isso, é que esse acidentezinho foi a gota de água, ou seja, abri a torneira, que é o mesmo que dizer que desatei a chorar feito uma criança...
Quem viu, pensou: "aquela tipa é maluca, está a chorar porque bateu com a cara". Só que eu sei que não foi por isso. Porque eu, melhor do que todos eles, sei que as marcas invisíveis são muito piores do que qualquer nódoa negra que possamos ter no nosso corpo...
E a mim, é quanto basta...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Lixo

Dói demais quando somos tratados como lixo!
Se formos maltratados por um estranho, temos várias opções: podemos ignorar, responder-lhe na mesma moeda e até temos a sorte de, se estivermos num estabelecimento, podermos escrever uma reclamação.
Mas...quando quem nos trata como lixo é alguém de quem gostamos, com quem nos preocupamos, que nos é querido, então o que acontece?
Choramos, revoltamo-nos, esperneamos, damos murros e pontapés a tudo o que nos aparecer à frente, mas NUNCA temos coragem de dizer aquilo que mais vontade tem de nos saltar pela boca fora: odeio-te! Não temos coragem, porque não mentimos àqueles que são importantes para nós. E embora essa seja a nossa vontade, se o disséssemos, iriamos estar a mentir com quantos dentes temos na boca. Porque a nossa boca iria dizer "odeio-te", mas o nosso coração iria dizer "é mentira! Gosto muito de ti!". E então preferimos ficar calados e chorar quando ficamos a sós com nós próprios, do que contar uma mentira tão grande, com apenas uma palavra.
E assim, permitimos que nos magoem, apenas porque não os queremos magoar. E porquê? Porque enquanto eles fazem questão de mostrar que não somos nada para eles (ou pior do que não sermos nada, sermos lixo), nós, mesmo magoados com essa facada tão funda que acerta certeira no nosso coração, gostamos muito deles e fazemos por demonstrá-lo...
E já que somos lixo...ao menos que nos reciclem...e nos deixem sermos úteis nas suas vidas!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Saudade...

Fez, neste dia que passou, já 8 anos que partiste...8 anos! E parece que foi ontem. Ah, como sinto a tua falta! Das tuas partidas, quando me escondias o material da escola, quando punhas sal na groselha...Que saudades de te ouvir contar a história da tua vida, de quando eras jovem e ias de bicicleta para o trabalho :) Saudades desses olhos verdes tão meigos! Tão de criança feliz com a vida!
Saudades de te ouvir cantar o que nunca mais ninguém me cantou (porque eu assim o quis): "Minha mãe chamou pela Ana, a Ana não falou. Oh Ana, oh Ana! Senhora minha mãe já vou!".
Tantas saudades tuas, meu amigo, meu protector, meu avô!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Amizades quebradas...

É o que acontece quando não correspondemos às expectativas de alguém. Quando a outra pessoa espera de nós mais do que aquilo que podemos ou queremos dar. É assim quando alguém sente por nós algo com o qual não conseguimos corresponder. Por muito que gostemos desse alguém, aliás, quanto mais gostarmos dele, menor é a nossa capacidade para o enganar. Porquê dizer que sentimos algo que não sentimos se, para além de estar a enganar e a magoar alguém que temos como amigo, nos enganamos e magoamos a nós próprios?

De repente diz-nos que se afastou de nós por causa dos seus sentimentos…quando sabe bem que sempre o vimos apenas como um amigo…por vezes não é um amigo qualquer, é certo. Pode ser aquele amigo que esteve sempre aqui para nós quando mais precisamos, que teve sempre o gesto e a palavra certa no momento certo. E por isso mesmo, por gostarmos demasiado dessa pessoa, por querermos o melhor para ele (afinal é isso que os verdadeiros amigos desejam), por vezes temos de tomar decisões difíceis. Tal como a que tomamos quando um amigo se afasta de nós. Nessa altura, a única coisa que devemos fazer é respeitar esse afastamento, desde que sintamos que essa atitude é a melhor para a pessoa que se quis afastar. Mas atenção, afastar não é desaparecer! Se essa pessoa, mais tarde, nos voltar a procurar, devemos recebê-la de braços abertos. Porque um amigo de verdade não se evapora, está sempre presente, mesmo estando longe.

É isso que vou fazer…vou estar perto…para te receber de braços abertos…