Depois de tanto tempo a dar-te a mão, ela é que tira o proveito. Porquê? Diz-me. Tenho estado sempre aqui para ti. E tu, estás para quem? Para ela.
Porque é que fazes parte da minha vida? Porque é que tinhas que entrar nela? Sai! Sai de mim!
Maldito dia em que te conheci. Maldito dia em que fui contra tudo e contra todos e te encontrei.
Há tantos anos! Há tantos anos que eu estou aqui só para ti, e tu...tu nunca estás aqui para mim. Nunca. Só estás para as outras. E eu sempre aqui. Eu sempre a ver-te. E sempre a dar-te a mão. E sempre a ver-te largá-la para a dares a outras. Não aguento mais isto. Não aguento!
Sai da minha vida!
Sai de mim!
Sai!
Sai...
Cai, assustadoramente, o número de casais de mãos dadas nas cidades grandes; cresce, por outro lado, a imundice da imoralidade nos olhos dos homens, cujo estado de degenerecência moral e de caráter decorre do avanço sofisticado da cultura indecente das sociedades modernas, apelidadas de neo-modernas ou neo-industriais. Aumenta-se, por sua vez, o número de tristeza nas almas das pessoas, que são devoradas pelas torpezas de um cotidiano demoníaco e implantado por uma economia predatória. Por isso o poeta grita, dizendo:
ResponderEliminarMÃOS DADAS
Mãos dadas não importa como
Nem de que jeito elas são dadas
O importante é que vão atadas
Formando o encontro das almas
Mãos pacientes criando o amor
Não importa como se agarram
O importante é que vão juntas
Cheia de tato, carinho e ternura
Mãos dadas que tecem uma luz
Tão divina quanto a luz do Sol
Formosa luz como uma linda flor
Mãos que firmes se entrelaçam
E agora mutuamente fundidas
Do amor fazem eterna premissa.
Guina
Existem homens que foram feitos pela fúria de Deus (ou dos deuses) e outros, paradoxalmente, pelo amor bondoso de Deus (ou dos deuses); outros, ainda, foram como que feitos, concomitantemente, pela fúria e pelo amor bondoso de Deus (ou dos deuses). Só sei dizer que estes homens, escolhidos a dedos por forças misteriosas e indecifráveis, são os que tanto movem a História como iluminam-na, pagando um preço insuportável na alma ou na carne, ou em ambos. O deus Vincent Van Gogh é, por exemplo, um desses homens que ao lado de poucos e raros desaparecem do meio da verminosidade do mundo medíocre para se transformar em luz e sol para toda a Humanidade, além de se tornar insepulto na memória de todas as gerações futuras, fenômeno que não acontece com os banqueiros que, ao morrer, logo logo desaparecerão da memória social, assim como desaparecem os vermes quaisquer.
ResponderEliminarA BALA DE VAN GOGH
Assim como Jó e Jesus num só
Sob o peso do mundo e da cruz
Um errante mais que a morte
Uma morte pelo mundo tangida
E qual dor sangrando nos olhos
Como um raio os céus cortando
Caído, esvaído e transfigurado
Mil vezes à mingua morrendo...
Assim como Jesus e Jó num só
Todas as mortes juntas sem dó
Num homem retalhado em nós
E Qual dor sangrando a alma
Contra o peito a alma se matou
Num tiro que calou os céus.
Guina