terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O meu vizinho...

Uma figura única, de pose igualmente singular…Excelente jornalista, óptimo conversador… Pai e chefe de família sem igual…

Pai dos meus amigos de infância. Talvez um bocadinho meu pai também, já que sempre fomos todos uma grande família, com dois pais, duas mães e quatro irmãos.

Quando ninguém esperava, e sem que nada o fizesse prever, deixaste-nos. Assim, de repente. Vi a ambulância chegar a minha casa, vi-te sair sentado numa cadeira de rodas e a pôr os óculos na cara (talvez pela aflição de não conseguires ver, porque já tinhas cegado). Pensei: “Se estás consciente, vão apenas fazer-te uns exames e hoje, ou amanhã o mais tardar, estás de volta a casa”.

Voltaste sim, mas apenas no dia seguinte, e para a tua última morada, já sem vida. No hospital, os médicos foram directos: “Estamos apenas a possibilitar-lhe uma passagem tranquila e sem dor”. Disseram que poderias partir nesse mesmo dia ou nos seguintes, mas que a situação era irreversível. E tinham razão. No dia seguinte tiveste os teus amigos, família e companheiros de toda uma vida reunidos junto a ti, para te prestarem uma última homenagem.

E foi bem merecida, assim como também foram tão merecidos os aplausos que recebeste na tua partida. Por tudo o que fizeste e o que foste. Tão merecidos que até um senhor que passava na rua perguntou: “Quem era? Devia ser uma pessoa muito querida”.

Como é que alguém desconhecido resume tão bem aquilo que estamos a sentir? Só mesmo por seres tu, por seres tão único e tão especial.

Quanto a mim, fica aqui a promessa que fiz aos teus filhos, meus companheiros de brincadeiras na infância, e à tua esposa, uma grande mãe e mulher, no dia da tua despedida: estarei sempre aqui para eles e vou sempre cuidar deles. Como, aliás, vocês fizeram tantas vezes comigo…

Até um dia meu vizinho…

Até um dia Gonçalo Nuno Faria…

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